Foram muitas críticas, boas e ruins. O “Slut
Club”, ensaio fotográfico feito no inicio do mês, onde as personagens eram todas
garotas, gerou repercussão na cidade. Pensando nisso a equipe do Mirassol
Conectada entrou em contato com a idealizadora do ensaio, Julia Caputi, que
falou um pouco sobre as fotos e a quebra de tabus. Confira:
Crédito fotografia: Nathalie Gingold |
"No começo do mês, o clima ainda estava
quente. Domingo, 6 de maio de 2012, Mirassol estava tranquila sob o sol,
esperando os eventos de sempre darem sua continuidade. Almoço em família,
futebol, barzinho, praça, missa. E, enquanto isso, dentro de um galpão velho e
sujo, as coisas ferviam..."
Não, não era uma demonstração de
violência gratuita, mas uma simulação artística de conceitos que iriam bater de
frente com o conservadorismo...Mas, calma! Antes é preciso uma explicação
rápida para quem chegou até aqui e não está entendendo nada:
“Clube da Luta é
um filme norte-americano de 1999, dirigido por David
Fincher. O filme é baseado em um romance homônimo de Chuck
Palahniuk, publicado em 1996. O filme é
protagonizado por Edward
Norton e Brad Pitt. Norton
representa o protagonista, um "homem comum" que está descontente com
o seu trabalho de classe média na sociedade americana. Ele
forma um "clube de combate" com o vendedor de sabonetes Tyler Durden,
representado por Pitt.” (fonte: Wikipedia)
No filme, esses homens
descontentes com suas vidas por inúmeras razões, onde a principal é a
mediocridade que a sociedade dá a elas, descarregam suas frustrações uns sobre
os outros em forma de lutas, onde a intenção não é buscar um vencedor mas,
sim dar sentido à sua própria existência. Nomes, idades, profissões,
importância social ou qualquer outra característica supérflua da qual baseamos
as pessoas do nosso dia-a-dia não possuem nenhum valor no galpão velho e sujo
do qual eles batizam de “Clube da Luta”.
Em determinada passagem
do filme, Brad Pitt, em uma de suas melhores interpretações, viaja pelo mundo
inaugurando vários outros Clubes de homens cheios de mágoas para exorcizarem.
Isso tudo soa familiar para você?
Para mim e algumas
outras meninas, pareceu bem peculiar. Em uma conversa, a brincadeira surgiu:
“Poderíamos fazer? Temos coragem?” Já havia assistido ao filme umas
boas cinco vezes para entender a mensagem que há por trás das agressões e do
sangue escorrendo daqueles homens descamisados e sem sapatos. Tyler Durden
conseguiu o que queria: fundou o seu clube dentro de nossas mentes cheias de
“raiva” para escoar.
Mulheres, apenas. Mulheres cansadas de julgamento e subvalorização. Entediadas com as categorias que nos dão diariamente: morenas, loiras, ruivas, magrelas, gordas, gostosonas. As que servem para casar, as que servem para transar. Servir? Hoje não...e assim foi. As putas e as santas finalmente juntas, concentradas nas suas próprias dualidades para fazer de um ensaio fotográfico uma verdadeira homenagem ao conceito que o filme passa: é isso o que você é. Você não é o que esperam que você seja. Tenha a coragem de lutar por isso.
Sabíamos que em meio a
diversas opiniões, inúmeras cabeças pensantes (outras, nem tanto), espremidas
em uma cidade consideravelmente pequena e de interior, haveria discordância.
Alguns não entenderam nada. Houve conflitos, choques de interesses, brigas e discussões
sobre valores morais, tradição, acusação de feminismo...o impacto perfeito. A
bomba explodiu, mas o caos gerado foi bastante oportuno. Entre críticas e
elogios (que foram muitos, e agradeço a cada um deles), paramos para pensar no
que fazemos de nossas vidas como mulheres, como pessoas. Em uma correria diária
por trabalho, por estudo, por dinheiro, por ser, estar, fazer e morrer, onde
está nosso direito de ser alguma coisa além? O direito de fazer de nossas
vidas, nossa própria obra de arte? Algo que perdure, senão eternamente, o tempo
necessário para fazer a diferença para alguém que necessita de um “empurrão”
existencial.
Claro que a arte
prevaleceu. Além de um ensaio de fotos, um curta-metragem também foi realizado.
Em um dia, ganhamos um presente único: transmitir nossas emoções através de um
personagem, durante algumas horas.
Aliás, quem disse que não estamos constantemente simulando e
atuando, personagens de nosso próprio cotidiano?
Vale a pena pensar. Não
cansamos de reafirmar o maior valor sendo esquecido, nos dias de hoje: vale a
pena pensar.
Todo mundo tem algo do
quê se libertar. Essa foi a nossa maneira de mostrar (e se mostrar).
Independente da sua forma, o importante é estar em dia com seu direito de
viver, antes de morrer.
“Será que não vou me
libertar de suas regras rígidas?
Será que não vou me libertar de sua arte inteligente?
Será que não vou me libertar dos pecados e do perfeccionismo?
Digo: evolua, mesmo se você desmoronar por dentro."
Será que não vou me libertar de sua arte inteligente?
Será que não vou me libertar dos pecados e do perfeccionismo?
Digo: evolua, mesmo se você desmoronar por dentro."
Como perfeita não-atriz, vou lembrar desse dia para sempre.
*Agradecimentos especiais: Natália Campanholo, Hellen Rosa,
Carla Mariel, Marina Cananda, Raphaela França, Melinda Visalli, Arlete,
Aline, Carla e Zeza, as “lutadoras” de peito (à mostra ou não) e de coragem. Nathalie
Gingold, Fernando Macaco, Ana Paula Olentino, Reider Pereira, Bia Lelles, Jose Fernando Pereira
Loria e a toda equipe que está mexendo e editando o ensaio, que viabilizaram
toda essa baderna. Lucinéia Francisco e Adriano Amendola, que apoiaram o
início, o fim e o meio dessa história toda. E a todo mundo que acreditou e
continua acreditando que precisamos todos agitar o doce de vez em quando, para
não estragar e nem azedar!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário